quinta-feira, 26 de agosto de 2010

as ferias de miggiorin

Um rapaz superocupado, mas que arruma um tempinho para tudo, inclusive para passar uma tarde inteira no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, junto com a Contigo!. No bate-papo, o mineiro de Barbacena, Leonardo Miggiorin, de 26 anos, fez confissões interessantes. Falou sobre como é trabalhar com Fernando Meirelles, sobre o filme cult que fez ao lado dos atores Sthefany Brito e Carlos Vereza, sobre a polêmica abordada em Rinha, as delícias do convívio universitário na faculdade Psicologia e, é claro, sobre o coração, ou melhor, sobre o tempo que sobra para ele.Psicólogo, diretor, ator, cantor... E, por que não?, pintorLeonardo Miggiorin acredita que o tempo pode ser aproveitado de todas as maneiras. Para ele, ficar parado é besteira. ''Se me derem 10 dias de férias, volto com uma peça escrita, com uma música feita e outras coisas ainda'', humoriza. Há poucas semanas, o ator finalizou as gravações da minissérie Som & Fúria, da Globo, sempre conciliando com os horários da faculdade. Ele também produz uma peça, que irá atuar e dirigir. As gravações com a banda Vista estão a todo vapor. Apesar de não querer lançar um CD agora, o grupo já gravou um EP (espécie de demo), com algumas músicas próprias. Por que Psicologia? Sobra tempo para os estudos? E como é o convívio com a turma de faculdade? Desde 2000 estou na faculdade. Eu fico nessa, vou e volto, páro para fazer novela e depois, quando terminam as gravações, retomo. Psicologia é um estudo complementar, porque me ajuda muito, principalmente em termos práticos, como organizar a minha rotina. O convívio universitário me atrai muito, conheço pessoas novas, faço atividades diferentes. Os alunos precisam fazer estágios. Agora, por exemplo, estou tendo uma experiência com moradores de rua e ex-dependentes químicos. Eu e minha turma fomos a uma casa, onde conhecemos a instituição, fizemos pesquisas e relatórios. Muito interessante. Tenho vontade de trabalhar com arte e terapia. Acredito que isso vai auxiliar o meu trabalho como ator. Quem sabe um dia se eu tiver uma escola ou se for diretor de uma, poderei usar isso. Eu gosto muito da área e já estudava antes. Quando eu tinha treze anos e vi a minha tia se formar em Psicologia, achei o nome bonito, daí tive a idéia de estudar nessa área. Na época, eu nem sabia direito o que era, mas esse lance do estudo da mente humana... Como está se saindo em sua primeira direção teatral? Fui chamado para fazer uma palestra em uma faculdade em Itu (interior de São Paulo), então surgiu a idéia de transformar o texto em peça. O nome já está definido, mas ainda não posso revelar, só por uma questão de direitos autorais. A peça tem quatro atores, um deles sou eu. Também dirijo o espetáculo, mas como não conseguiria fazer tudo sozinho, terei uma equipe para me ajudar. Até porque, teatro, filme, banda, minissérie, faculdade, não dá pra querer gerenciar o mundo (risos). Gerenciar, até dá, mas fazer tudo sozinho não dá. Consigo administrar, aliás, creio que o bom líder é aquele que sabe delegar funções e cobrar na hora certa. O espetáculo vai estrear em Itu. A idéia é fazer uma turnê pelo interior de São Paulo e Minas (Barbacena e Juiz de Fora). No final de novembro, vou começar a dar aula de teatro. Estou arriscando a me colocar numa outra posição, de líder e professor. Chegar a esse ponto - ainda é o começo -, de deixar de esperar alguém me chamar para trabalhar e passar a contratar pessoas para trabalhar comigo, é um privilégio muito grande e uma responsabilidade também, mas não nego que seja confortável. Você pretender dirigir cinema também? Outros atores estão dirigindo filmes, o Murilo Benício, o Selton Mello e o Matheus Nachtergaele. Mas a direção de cinema requer muito estudo. Por mais que um ator conheça ou tenha um grande convívio em um set de filmagem, é difícil dirigir, por ser algo muito técnico. Já no teatro, tenho mais facilidade, pois vivi lá dentro. Quando falo que estudo teatro desde os 12 anos, é porque aos 15 ou 17, em Curitiba (PR), onde me formei em artes cênicas, já ensaiava três peças por dia. Nessa época, eu encenava peças no final de semana e fazia a novela infantil Flora Encantada. Eu gravava no Rio à tarde, à noite, voltava para Curitiba, pois estudava de manhã e ensaiava outras peças, eu era doido. Hoje, durmo mais. Consigo relaxar mais. Você participa de uma banda? Como surgiu? A banda existe há quase dois anos. No início, o nome era Cabeça Crua, agora se chama Vista. A idéia surgiu a partir de um projeto independente de um amigo. Ele escreveu o seriado, no qual eu interpretava um cantor de uma banda de garagem, por isso eu precisava ensaiar e gravar uma música. Fui para o estúdio, gravei e achei a coisa mais difícil do mundo. Mas o resultado foi bom e decidimos montar a banda, eu e o Fábio ou Baby (risos, ele não gosta do apelido). Do seriado, que se chamava Surto, só foi feito um piloto, não foi ao ar, mas deu início à banda. Ensaiamos e pesquisamos durante um ano inteiro, fizemos músicas com a influência pop-rock dos outros integrantes da banda, e com a referência poética que eu trago do teatro, da Elis Regina, do Cazuza, além dos textos do Drummond. A banda é formada por Fábio, Ramiro, Caio, Persi, Du e eu. Vista é algo que eu sempre quis, mas nunca assumi, é uma realização pessoal.A banda tem cunho comercial? Não queremos lançar CD agora, não. Estamos gravando um EP com cinco músicas próprias. Queremos ir aos poucos, sem pular etapas, começando com shows no interior de São Paulo. Não quero aparecer amanhã no Faustão e dizer 'oi, gente, estou com uma banda, viu'. Porque não quero que pareça oportunismo da minha parte. Crise de identidade? Ah, antes de dar início à banda, tive uma crise, sim. Pensei 'eu sou ator, como é que vou virar cantor? O que é isso?'. As pessoas podem não entender nada, embora hoje já existam muitos exemplos. Relaxei e fui. Mas faço questão de estudar muito, até para não fazer nada pela metade. Porque se você é meio ator, meio cantor, meio diretor, você é meia pessoa, meio profissional. Então, por mais que eu faça mil coisas, quero estar inteiro em tudo o que faço. Sou um sonhador, mas estou orgulhoso de mim, pois estou conseguindo realizar algum dos meus sonhos. Tímido ou cuidadoso?Sou muito preocupado com a minha imagem. Às vezes até sou um pouco chato, porque quero que tudo saia o mais perfeito possível. Mas chega uma hora que eu desencano, não tem como ser perfeccionista. Se não tem botão, vai sem botão mesmo (risos). Antigamente eu tinha medo de falar com as pessoas, eu simplesmente não falava, tinha medo de errar. Se eu fosse conversar com o José Mayer, com o Manoel Carlos ou o Ricardo Waddington, que são pessoas muito grandes para mim, travava. Depois, vi que é muito melhor relaxar e ser espontâneo a ficar tenso. Hoje consigo me divertir mais com meu trabalho e gostar de ir aos lugares que freqüento.Afinal, muitos Léos em um só? Quantas pessoas por aí fazem coisas legais e depois não conseguem se sustentar? Muitas, e isso só aconteceu porque elas não têm embasamento. Minha faculdade me dá isso. O trabalho musical me diversifica. Eu gosto dessa versatilidade, de poder fazer um Peter Pan, um filme violento como Rinha, uma minissérie, um Toma Lá Da Cá, cantar numa banda, e eu pinto também, tá (risos). Dê-me um quadro que eu pinto. É brincadeira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário